sábado, 31 de maio de 2014

DE FUMANTE PARA FUMANTES

O primeiro cigarro a gente nunca esquece



No Dia Mundial sem Tabaco, esta série de postagens retrata com verdade e humor os dilemas de um fumante assumido, consciente dos males do cigarro mas sem nenhuma vontade de parar.

E quem não se lembra do primeiro cigarro, da primeira tossida com ele? Muitos de nós éramos adolescentes ainda. Na turma da 7ª série chamávamos o cigarro de "bastão cilíndrico nicotífico"( ! ). Nome imponente! Tão imponente quanto queríamos nos sentir, com ele aceso entre os dedos para chamar a atenção das meninas e afirmar que não éramos mais crianças.



Era a época do comercial na TV: "O primeiro Valisére a gente nunca esquece." - Tudo a ver com as meninas da nossa idade. E nós meninos começando a engrossar a voz, encorpando o ombro e crescendo tão rapidamente que alguns até tropeçavam, desacostumados com as mudanças no corpo. Neste contexto, os primeiros cigarros... escondido de todos os adultos, no banheiro da escola, cabulando aula, misturando fumaça com as aulas de educação física. Que lembranças são essas infiltradas nos bastõezinhos, e no nosso inconsciente?

Tal como bengala, também cilíndrica, hoje podemos rir do cigarro amparando a auto-afirmação, que com o tempo virou prazer, e o prazer virou vício. Que dia foi aquele em que pedi "fogo" pra acender o primeiro, que não apagou até hoje, tantos anos depois? Muito se conscientizou desde então, às turminhas novas que cresceram com aversão a cigarros. Meus filhos por exemplo. Há anos eles me pedem para que eu pare. E entre outros vícios que larguei, este é o que insiste, é o mais difícil, porque é um vício físico, químico e psicológico, de alta tolerância e dependência.

Parabéns a todos os que conseguiram parar. E a quem está começando a sentir o desejo forte de parar também. Não vou me cobrar isso agora, e de ninguém. Mas espero de coração que esta série de posts faça muitos rirem e quem sabe, desperte para pensar no assunto, sem serem rígidos consigo mesmos. Disso já basta o sistema e a sociedade nos cobrarem. Se o primeiro cigarro a gente não esqueceu, o último também não esqueceremos. Que se tenha boas lembranças relacionadas, sem traumas, doenças etc.

E se alguém teve algum familiar vítima de problemas com cigarro, acima de tudo perdoe-o, para que ele possa perdoar-se também. O tempo não volta, a vida segue em frente.

NOTA: Elk Tyfalay, personagem fictício de Gutto Carrer Lima, não julga, não condena, nem tem a intenção de fazer apologia ao cigarro com estes posts, mas sim, de despertar consciência, divertindo, a partir da identificação de alguns pontos apenas, relacionados à vida de um fumante e seus dilemas. Afinal, eu sou um deles. Sou um de nós. Obrigado! Divirta-se com a leitura!




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 Fumo, logo existo.




Fumo, logo existo.

Muitas são as desculpas que posso arranjar para mim mesmo. O fato é que posso fazer tudo sem fumar, até pensar... Mas não pensarei tão bem. Como um incenso que percorre veias e artérias e chega ao meu cérebro, conectando-o ao meu espírito e defumando, em minha mente, os fantasmas que, purificados, exalam-se ao mundo exterior, ora como fumaça, ora como traduções dos mais profundos sentimentos que estimulam meu raciocínio. Fumo, logo existo! É nos momentos em que mais exijo da mente, que o cigarro passou a estar presente. 

Muito trago e levo, no que me elevo a cada trago. 
O prazer de criar e pensar, exceto nos estragos.

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 O preconceito é prejudicial à saúde.




O preconceito é prejudicial à saúde.

Qualquer hábito que, por discriminação social e até por lei, passe a precisar ser omitido, escondido, reprimido ou cause constrangimento em quem o tenha, é alvo de preconceito. Se fumar incomoda a quem não fuma, já é outra história: onde estão os bares e restaurantes EXCLUSIVOS para fumantes, que INCLUSIVE tolerariam não fumantes? Obrigue-me a fazer qualquer coisa, e eu não farei. Obrigue-me a fumar e eu pararei.

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 O pior mal é a repreensão






Repreensão de quem não fuma.

Pior do que ressaca de bebida é ressaca de cigarro, e as duas juntas é horrível! Faz muito tempo que parei de beber e, fumando moderadamente, o pior mal que o cigarro me faz é a repreensão de quem não fuma, em todo lugar, a todo momento.

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 O cinzeiro é o maior companheiro do fumante solitário.







O cinzeiro fuma metade, e eu, outra metade.

Fumar lá fora faz com que a gente fume muito mais. Ao fumar sossegado, trabalhando ou se entretendo com o cinzeiro ao lado, ele fuma metade. Mas quando se sai especialmente para fumar, traga-se rápido e seguidamente até o cigarro acabar, Ou seja, fuma-se muito mais e intensamente. Quem fuma tranquilo, sem culpa e sem repreensão, fuma menos.

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 Não existe ex-fumante.






Não existe ex-fumante. Existe sim, fumantes que pararam de fumar.
É mais fácil para um ex-fumante querer apagar o meu cigarro, do que disfarçar uma vontade contida de dar nele um trago.

Admiro muito o Dr. Drauzio Varela, que dispensa apresentações. É um fumante consciente que parou de fumar, mas não é cínico ao tentar conscientizar e orientar a todos, para que não fumem. Ele sabe que não existe ex-fumante. Todo «ex-fumante» sabe os anos, meses, dias e até horas contados desde que parou de fumar, assim como ele. Isso porque fumar é muito prazeroso psicologicamente, à parte dos males que faça para a saúde física. Tanto que o médico costuma dizer em suas entrevistas sobre o assunto, que se souber com antecedência de uma semana, o dia em que irá morrer, ele vai correndo comprar um maço de cigarros.

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 Questão de bom senso.






Questão de bom senso.

O cheiro de cigarro apagado no cinzeiro pode ser mais maléfico do que a fumaça exalada acumulada num ambiente fechado. E esta pode prejudicar mais que a própria fumaça tragada, não diretamente nos pulmões, mas pelo mal cheiro que impregna a tudo e incomoda até mesmo a quem fuma. Para tudo vale ter bom senso. E se o bom senso não for ainda o de parar de fumar, vale deixar o ambiente bem arejado, limpinho, em respeito a todos. É ao sair do banho que um fumante mais pode sentir o ar, roupas, cortinas e tapetes impregnados pelo cigarro. Ter uma área externa confortável em casa, para fumar, sem sentir-se isolado, é uma boa solução pra desfrutar do prazer de fumar. Pode soar estranho mas, podemos chamar de "o jeito saudável de fumar", sem incômodos nem culpas.


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 A moda é não fumar.






A moda é não fumar, mas eu não curto modismos!
Os ditames que regem a moda são os mesmos que regem os preconceitos.

Se quer parar, pare! Se precisa parar, pare! Pare por consciência, por vontade própria! Pare pelo hálito melhor, pelas roupas cheirosas, pelo fôlego renovado! Pare por sua pele, seus cabelos, seus poros, seus pulmões! Pare por sua saúde, não pelo custo da saúde aos cofres públicos! Pare por você, por mulher ou marido! Pare por seus filhos! Pare porque você é livre, até para não parar se não quiser! Mas não pare pela moda que diz que é feio. Porque a mesma moda que agora me diz para parar, um dia também me disse que, bonito, era fumar.

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 Todos vamos parar de fumar um dia.






Todos vamos parar de fumar um dia...

Até que gostei dessa caixinha... Finalmente um design diferente. Flip Top! E é da mesma marca que fumo!!!! Mas o cara aí não sou eu não, heim! Sai pra lá com esse chapéu! Pra quê a pressa? Afinal, todos vamos parar de fumar um dia...

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 O Drama






E este é o drama, psicológico é verdade... 

Se eu apagar o meu cigarro para sempre, minhas ideias se apagarão com ele? O trabalho de criação é tenso, um misto de expectativa e eureka, ansiedade e alívio. Sem cigarros, dá um branco.... Que cores usar? Que imagem escolher? O que escrever pra passar o recado? Peraí.... vou fumar um cigarrindo lá fora, depois volto...


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 Um amigo que seguirá seu caminho.






Quanto mais eu amaldiçoar o cigarro, mais irei tentar me convencer do contrário. 

Em vez disso, penso nele como um amigo, daqueles que não são lá bons exemplos mas são ótimos companheiros. Ainda que seja má companhia, ele não me critica nem me julga e está a meu lado nas horas boas e ruins. Principalmente as ruins! E ele sabe disso. Sabe também que a qualquer momento deverá seguir o seu caminho, que iremos nos afastar por um tempo, talvez até para sempre. E sei que ele estará em minhas lembranças, boas lembranças, antes que elas possam se tornar ruins. Por enquanto nem eu nem ele queremos nos separar. Mas já estou avisando-o que a qualquer momento este dia pode chegar, por minha legítima vontade, e não por imposição ou necessidade.


Textos de Gutto Carrer Lima para o álbum "Exclusivo para Fumantes" de Elk Tyfalay Imagens: Internet 


Infernizar a vida do fumante é mau método para fazê-lo deixar de fumar. Ele é o primeiro a reconhecer os malefícios do fumo e só não larga porque não consegue: a nicotina provoca a dependência química mais feroz de todas as drogas. (Dr. Drauzio)



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