Cada visita ao Horto Encantado é uma viagem, caminhando ou correndo por suas trilhas em meio a mata.
Sentado sob a sombra de um imenso bambuzal ou deitado junto a base de uma árvore centenária, o céu azul e os raios de sol que vejo entre as frestas das folhagens abrem-me janelas pelas quais não sinto o tempo passar. Apenas vislumbro o movimento das nuvens que me dizem que aquele instante passou.
Levanto-me. Nem tudo é mata, verde, água e terra onde o som do silêncio me revela vozes nunca antes ouvidas. Pássaros e insetos que não vejo harmonizam um zumbido constante, envolvente e penetrante, quase uniforme, que zombam de mim na minha pequenez de observador ouvinte, tão alheio ao que se passa ali.
Minha caminhada continua e vou encontrando ruínas de um tempo mais próximo, perdidas nas funções que atenderam e deixaram suas marcas. Janelas, portas e torneiras... algumas fechadas, outras abertas, sussurrando-me outras vozes que imploram por contar-me suas histórias através de suas imagens.
- Senzala.
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Escrito por Gutto Carrer Lima no álbum "Janelas do Tempo" de O Horto Encantado
Fotografias: Gutto Carrer Lima
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