quinta-feira, 29 de maio de 2014

JANELAS DO TEMPO




Cada visita ao Horto Encantado é uma viagem, caminhando ou correndo por suas trilhas em meio a mata. 






Sentado sob a sombra de um imenso bambuzal ou deitado junto a base de uma árvore centenária, o céu azul e os raios de sol que vejo entre as frestas das folhagens abrem-me janelas pelas quais não sinto o tempo passar. Apenas vislumbro o movimento das nuvens que me dizem que aquele instante passou.

Levanto-me. Nem tudo é mata, verde, água e terra onde o som do silêncio me revela vozes nunca antes ouvidas. Pássaros e insetos que não vejo harmonizam um zumbido constante, envolvente e penetrante, quase uniforme, que zombam de mim na minha pequenez de observador ouvinte, tão alheio ao que se passa ali. 

Minha caminhada continua e vou encontrando ruínas de um tempo mais próximo, perdidas nas funções que atenderam e deixaram suas marcas. Janelas, portas e torneiras... algumas fechadas, outras abertas, sussurrando-me outras vozes que imploram por contar-me suas histórias através de suas imagens.

Um celular que fotografa, na mão, e photoshop para expressar as imagens que construo em alto contraste, tal é o contraste entre a natureza e o homem, entre a liberdade e suas prisões. Nenhuma palavra além da resposta que me foi dada quando perguntei: À que serviram aquelas ruínas?

- Senzala.


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 Álbum Janelas do Tempo em O Horto Encantado





 O Horto Encantado




Escrito por Gutto Carrer Lima no álbum "Janelas do Tempo" de O Horto Encantado
Fotografias: Gutto Carrer Lima



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