sexta-feira, 25 de setembro de 2015

NASCER HUMANO: DISTÚRBIO E PECADO

Seguimos de geração em geração esperando absolvição em cada promessa de cura para as culpas que já nascem conosco e nos acompanham no decorrer da vida, dizendo-nos que nascer humano é um pecado, é um distúrbio.



Muito antes do surgimento da Psicologia, o Papa Gregório Magno formalizou, no século 6, os 7 Pecados Capitais. Eram oito, mas resolveram que sete ficaria um número melhor, e absolveram a Melancolia. Na lista oficializada no século 13, prevaleceram como os principais vícios de conduta: a Gula, Luxúria, Avareza, Ira, Soberba, Preguiça e Inveja, sendo a soberba a mais grave.

Como antídotos para os pecados, a Igreja católica ofereceu também uma lista de 7 virtudes fundamentais: Humildade, Disciplina, Caridade, Castidade, Paciência, Generosidade e Temperança, mas poucos sabem disso, já que os pecados fizeram muito mais sucesso. O que os sete pecados têm de mais importante, é que deles derivam todos os demais. Se resolver os sete, resolveu tudo, certo?

Seria, se não se tratasse da natureza humana. Brigar contra os pecados é lutar constantemente contra nossa natureza. Ao contrário de agir segundo virtudes, não é preciso esforço para cometer pecados, E aí a hipocrisia aparece soberana, já que todo mundo tem de parecer bonzinho perante a sociedade e o espelho.

Não bastassem nossos defeitos naturais denominados de pecados, a Psicologia nos presenteou também com os Transtornos Mentais, - centenas deles classificados principalmente no Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais - DSM IV, e a Classificação Internacional de Doenças - CID-10.  - Os que não podem ser considerados "doença", são chamados de "distúrbio".

E haja remédios para estes distúrbios, para a felicidade das indústrias farmacêuticas que adoram ter um motivo novo para fabricar e vender uma droga nova.

Seguimos de geração em geração esperando absolvição em cada promessa de cura para as culpas que já nascem conosco e nos acompanham no decorrer da vida dizendo-nos que nascer humano é um pecado, é um distúrbio.

No passado tentaram nos ensinar a vencer a nossa própria natureza, inibindo-a, em vez de dominá-la. Claro que não funcionou. O domínio que resultou foi o do materialismo, que explora e incentiva justamente a fraqueza dos pecados nas pessoas, e neles se fundamenta para instalar-se como sistema.

"Nenhuma crise pode ser resolvida sem resolver a crise de valores que a originou", sugere a frase de autoria desconhecida encontrada na internet.  Conhecer os nossos pecados e nossos transtornos mentais ainda não nos trouxe soluções definitivas. E só trará quando for resolvida o que deveria ser a maior de nossas virtudes: a IGUALDADE, que não mais alimentaria muitas de nossas péssimas condutas, nem as frustrações por comparação que desencadeiam os sentimentos de privação e as loucuras.
  

© Gutto Carrer Lima 



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Crédito de Ilustração: Marco Santos







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